domingo, 23 de maio de 2010

Metro Piece # 2: Um novo tempo

É domingo, tá um tempo esquisito, parece São Paulo. Não tem sol, só um vento quase frio, aquele céu de ameaça de chuva e um pequeno mormaço de cidade poluída, cidade grande. Não posso correr ainda e também não posso fazer exercício. A costela ainda dói quando ando, quando me abaixo ou quando algum idiota esbarra em mim na rua ou no metrô. O médico disse duas ou três semanas, já foram duas...

Anyway,  não me resta alternativa a não ser estudar. Biblioteca, me preparando para o exame final de quarta-feira. Tá todo mundo por aqui, todo mundo fazendo o mesmo, todo mundo desesperado... Eu. Eu tô com sono. Só isso.

Mas o post de hoje é sobre outra coisa muito mais interessante:


Bem, Mais uma no metrô (preciso andar de bicicleta...) a caminho da biblioteca, com meu ipod no shuffle deixando o aparelho escolher a música que eu quero ouvir. Hoje tocou "Novo tempo" do Ivan Lins. Linda. mesmo com uma letra tão específica, quase óbvia mesmo, ela é eterna. Os perigos ainda existem, mas tudo muda:

Um (ou No?) novo tempo, apesar dos castigos
De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer


Enquanto ouço a música, observo dois homens sentados a minha frente, de aparentemente 50 anos, grisalhos, um de cavanhaque, anel grande e pulseira e outro de barba também de anel, mas com um colar dourado. Os dois de óculos, sunday shirt, sapato quase social. Eles estão conversando, não consigo ouvir o que dizem, mas gosto da energia entre eles. Há algo dominical entre eles, algo novo, acho que gostoso. É como se entre eles houvesse uma conexão forte. E há.

O homem de cavanhaque coloca a mão na perna do outro enquanto eles conversam. O de barba coloca sua mão sobre a outra. E sem nenhum constrangimento, sem olhar para o lado, eles continuar a conversa
E o mundo nao acaba, o metrô não para, nenhuma sirene soa,  ninguém nem olha. Acho que só eu que me atento às mãos; Talvez porque insista em procurar histórias nas esquinas.
Esse é o grande momento do ser humano, descobrir que ser quem somos não altera o curso. Talvez alguém tenha visto, tenha achado alguma estranha, mas eu acredito que tenha sido o mesmo olhar que eu dei ao ver um outro cara de calça roxa e camisa amarela com meias verdes e sapato social branco ao meu lado. Não se pode ter tudo, mas se pode ter amor. E com amor ninguém briga, né?

É isso. Um novo tempo apesar dos perigos. E minha boca insiste num sorriso ao perceber que já nem são tantos perigos assim, e talvez esse tempo já nem seja tão novo também.


Sem perder o sorriso e de mãos dadas, sempre. Esperendo novos tempos.

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