domingo, 9 de setembro de 2012

Das férias, da rotina, da saudade (como sempre)...


E eu voltei de férias... E que verão longo! Fiquei três meses fora de Nova York. E não é que deu saudade? Quem diria... a cidade vai crescendo dentro de mim e eu já vou me sentindo em casa aqui. Já nas últimas semanas em São Paulo andava com vontade de voltar, de deitar na minha cama, de ver meus amigos (oh amigos do Brasil, não tenham ciúmes... meu coração é poliamoroso no quesito amizade), de comer no meu dinner, do meu vizinho praticando saxofone depois do almoço, de falar oi para o moço turco das frutas na esquina da minha casa, de ser reconhecido pelo nome no dry cleaning do meu prédio, das velinhas simpáticas da academia, de andar de metrô.... haha... essa é difícil de acreditar, né? Mas depois de três meses fora, nem aquele bafo quente que vem diretamente conectado com o inferno das estações do metrô me incomodaram tanto... Saudades da cervejinha de sexta-feira, da corrida matinal, enfim saudade de viver aqui. E é bom saber que muitas das coisas ainda estavam aqui esperando pela minha volta.

E ao voltar, a vida vai se restabelecendo aos poucos. Três meses é muito tempo... muito tempo... E a primeira providência foi restabelecer meu cheiro no meu apartamento. É impressionante como o cheiro da sua casa muda depois de tanto tempo e ao entrar em casa ficou faltando algo. Estava tudo aqui, a cama, as roupas de cama, o sofá... tudo como deveria ser, mas o cheiro da minha casa havia mudado... havia algo infamiliar nele. Quase uma vingança da minha morada por tão longo abandono. Não poderia me expulsar, me xingar e a única coisa que meu lar pode fazer comigo é não me deixar reconhecer pelo meu cheiro... Funcionou, o primeiro dia foi um misto de infamiliaridade e saudade matada que quase doeu... E para resolver isso precisei de alguns dias. Fui deixando as paredes me contarem seus segredos e eu fui me abrindo aos poucos. Diferente de Amália Rodrigues, de quem eu gosto, até as paredes confesso.... Bem, bem... no primeiro dia recomprei todos os produtos de limpeza de antes, espalhei meu perfume e aos poucos a casa foi voltando a ser minha.

E duas semanas depois já é. Tudo me parece normal. A rotina se acostuma comigo e o meu caos se encaixa no rigoroso horário do ônibus da cidade. As aulas retornam, os alunos voltam, o doutorado pede pressa. Cheguei com um diploma de M. Phil me esperando, e a defesa da minha proposta me esperando... Burocracias cumpridas, papelada do visto resolvida, salário em dia, reembolsos pedidos, documentação feita.... E nessa lista a primeira semana se acaba.

Amigos por perto :) Fofocas choradas, risadas por perto, academia quase em dia, contas pagas, telefone reativado, computador novo comprado, ipad consertado e o primeiro final de semana terminado.

De tudo, de tudo, falta só resolver o meu coração, mas desse eu já me acostumei, ele vai e volta, fica e desaparece como bom malandro que é. E esse meu coração necessita tempo, necessita palavra, diálogo e por enquanto está querendo ficar calado. E talvez esse meu coração machucadinho também faça parte da minha rotina noviorquina.

Bem-vindo a todos de volta à minha vida. Feliz de revê-los e tê-los por perto.

Bom ano para todos.
O meu será, eu sei. O teu, também, eu pressinto.



  • Ah e em tempo (para resolver questões pendentes do ano passado):

Então fica estabelecido que gosto de Nova York, não? Gosto da maneira que consigo gostar das coisas, ou seja, gosto querendo sempre olhar para o lado, gosto abraçando de olho aberto, gosto nunca fechando a porta...
Ok?
E como gosto desse meu jeito "meio estúpido de te amar", há coisas que, boy, oh boy... não dá para entender, não. Por mais que eu tente, eu não consigo gostar de jeito nenhum. Mas essas coisas, normalmente, são uma mistura de nova iorquinos e a cidade. Mas sobre isso eu falo depois. Quem sabe este semestre os textos semanais tão almejados não saem do papel e atingem o computador... Quem sabem.... Como diria Pablo, maybe... maybe...