quarta-feira, 26 de maio de 2010

What's up with the cap?

Os homens daqui tem uma mania, que alguns chamam de moda outros chamam de identificação pelo grupo... Eu não sei o que é, talvez seja um pouco dos dois. Eu só sei que é feio, muito feio! Eles têm essa mania (ou moda) de usar calça social, camisa para dentro e boné!!!! E junto com isso tudo um sapato social que parece vulcabrás. O que me incomoda é o boné. Mania de americano, mania grande, muito mais forte que brasileiro. Porque no Brasil eu vejo em adolescente, na praia, mas não vejo no dia-a-dia no cidade.
Às vzes eu viajo na moda daqui e percebo que as pessoas se identificam pela maneira de vestir. Tenho a sensação que esse boné, de alguma maneira, garante a heterossexualidade desses rapazes. Assim como as bolsas de designers no braço dos rapazes de Chelsea ou Chelsea boys como gosto de dizer, de alguma maneira, garante a homossexualidade deles.

Mas quem garante o quê?

Numa cidade tão multicultural como essa o que me agrada é a possibilidade de usar qualquer coisa sem ter que me preocupar com os outros (quem vê pensa que uso o que quero... hehe, sigo atento ao jeans, pólo e às vezes camisa....). Mas gosto da possibilidade. Tenho um projeto com meus amigos daqui de usarmos saia um dia desses, todos juntos. Tenho certeza que não teremos reação de ninguém. New York presa pela individualidade, é quase religião. Mesmo que me incomode, tenho que fingir que não me incomoda, pois ser cosmopolita aqui é aceitar a diferença. Fingir que não olham diferente para os árabes, fingir que não se incomodam com a profusão de estrangeiros vivendo aqui (mas quem é daqui mesmo?). O fingir é a última moda cosmopolita de New York. Fingir que aceitamos o outro.

Voltando aos bonés...
Quando me depararo com esses bonés horrorosos com calça e camisa percebo um estilo, ou como diriam meus Chelsea friends, lack of style (e eu, dessa vez, concordo com eles). E esse fashion statement vem junto com um sentimento branco-americano-heterossexual que define o que está abaixo do boné. E isso mantém a divisão de classe, raça, orientação... Mesmo sabendo que essas categorias nada significam, que ninguém é diferente e que todo mundo é diferente (mas isso é outra história, depois explico).
De qualquer maneira, os bonés além de horrorosos nos mostram uma cidade cosmopolita ainda dividida entre o que veio e o que nunca saiu. E ai de alguém que veio se atrever a usar o boné...

E sabe o que mais? Se é para seguir moda, fico com os modernos que usam um chapéu panamá com calça, bermuda, shorts... muito mais charmoso que esses bonés de baseball horrorosos! Charmosos e em termos de fashion statements me dizem  que "não me importo com categorias, me importo com a estética, seja o que seja"...

Agora, tchau porque vou comprar um chapéu de pananá de 7 dólares na H&M para o verão...

domingo, 23 de maio de 2010

Metro Piece # 2: Um novo tempo

É domingo, tá um tempo esquisito, parece São Paulo. Não tem sol, só um vento quase frio, aquele céu de ameaça de chuva e um pequeno mormaço de cidade poluída, cidade grande. Não posso correr ainda e também não posso fazer exercício. A costela ainda dói quando ando, quando me abaixo ou quando algum idiota esbarra em mim na rua ou no metrô. O médico disse duas ou três semanas, já foram duas...

Anyway,  não me resta alternativa a não ser estudar. Biblioteca, me preparando para o exame final de quarta-feira. Tá todo mundo por aqui, todo mundo fazendo o mesmo, todo mundo desesperado... Eu. Eu tô com sono. Só isso.

Mas o post de hoje é sobre outra coisa muito mais interessante:


Bem, Mais uma no metrô (preciso andar de bicicleta...) a caminho da biblioteca, com meu ipod no shuffle deixando o aparelho escolher a música que eu quero ouvir. Hoje tocou "Novo tempo" do Ivan Lins. Linda. mesmo com uma letra tão específica, quase óbvia mesmo, ela é eterna. Os perigos ainda existem, mas tudo muda:

Um (ou No?) novo tempo, apesar dos castigos
De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer


Enquanto ouço a música, observo dois homens sentados a minha frente, de aparentemente 50 anos, grisalhos, um de cavanhaque, anel grande e pulseira e outro de barba também de anel, mas com um colar dourado. Os dois de óculos, sunday shirt, sapato quase social. Eles estão conversando, não consigo ouvir o que dizem, mas gosto da energia entre eles. Há algo dominical entre eles, algo novo, acho que gostoso. É como se entre eles houvesse uma conexão forte. E há.

O homem de cavanhaque coloca a mão na perna do outro enquanto eles conversam. O de barba coloca sua mão sobre a outra. E sem nenhum constrangimento, sem olhar para o lado, eles continuar a conversa
E o mundo nao acaba, o metrô não para, nenhuma sirene soa,  ninguém nem olha. Acho que só eu que me atento às mãos; Talvez porque insista em procurar histórias nas esquinas.
Esse é o grande momento do ser humano, descobrir que ser quem somos não altera o curso. Talvez alguém tenha visto, tenha achado alguma estranha, mas eu acredito que tenha sido o mesmo olhar que eu dei ao ver um outro cara de calça roxa e camisa amarela com meias verdes e sapato social branco ao meu lado. Não se pode ter tudo, mas se pode ter amor. E com amor ninguém briga, né?

É isso. Um novo tempo apesar dos perigos. E minha boca insiste num sorriso ao perceber que já nem são tantos perigos assim, e talvez esse tempo já nem seja tão novo também.


Sem perder o sorriso e de mãos dadas, sempre. Esperendo novos tempos.

terça-feira, 18 de maio de 2010

ALERTA

You know what?
Acho que não vou me acostumar nunca com os escândalos psicóticos das sirenes nova-iorquinas....
It is just too much, too much...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Da saudade...

Tem dia que fica difícil...
Quase insuportável, que é difícil levantar da cama, que dói quando a gente chora no banho...
Nesses dias, a luz do sol arde, e a vontade de nadar de volta é maior do que qualquer coisa...

Normalmente a semana passa rápido, o tempo passa rápido e a saudade diária é substituída por um abraço amigo, pelo skype em português, por um almoço sentado na calçada, por um olhar de lado, por um sorriso maroto na hora do café no banco da esquina...

Mas nesses dias que fica difícil, ai... como fica difícil. Não dá vontade de trabalhar, não dá vontade de escrever, não dá vontade de sair de casa. Dá vontade de ficar acabrunhado na cama pensando... Nesses dias, eu pego meu caderno de cabeceira (um caderno que a Daniella, minha amiga daqui me deu) e fico escrevendo sobre a saudade. Escrevo sobre a saudade de amar, a saudade de beijar, a saudade de abraço patriota...

Em casa, sozinho, eu acabo chorando. Mas não porque estou com saudade, e sim porque eu assiti alguma coisa na TV que me fez chorar... Depois eu tomo banho demorado e fico enrolando para ir para a faculdade. Fico pensando na vontade de voltar e na vontade de estar em São Paulo, minha verdadeira casa. Minha hometown, de onde meu coração fugiu, mas voltou. Só que ele esqueceu de me buscar aqui...

Mas o bom é que o dia acaba. E aos poucos vou voltando ao normal.

Só acho importante que todos saibam que há dias que não dá, não. Acho que é normal, acho. Não sei.  Talvez eu sinta mais do que os outros, talvez eu seja mesmo um dramaqueen, talvez minhas lágrimas alimentem meu sorriso, sei lá.
Hoje é um desses dias, queria estar em casa, na casa que deixei. Queria estar abraçado, beijado e cuidado.
Queria estar aí, do lado de quem me importa.
Acho que isso tudo é saudade mesmo. Saudade grande.
Eu sei, agora eu sei, exatamente o que é saudade. E sei que quem inventou a palavra sabia chorar. E também sabia deixar escorrer as lágrimas enquanto a rua se movimenta. E também sabia olhar para o lado e deixar o sol secar a lágrima e ensaiar um sorriso de esperança. Quem inventou a palavra, também inventou a vontade de voltar para casa e eu aprendi os dois.
Vou voltar. Eu sei que vou voltar.

domingo, 9 de maio de 2010

One more New York moment...

Festa no meio do nada.... costelas machucadas... em casa de repouso...
Do começo...

6a. feira fui a uma festa de uma amiga do PhD. Na casa de um amigo dela....
Bem, no Brooklyn - a última moda entre os modernos, hispters, cult people, artist-like (like porque não são necessariamente artistas). O apartamento é na verdade um antigo galpão de fábrica de uns 1000 m2, com alguns quartos espalhados pelo espaço, todos sem janelas. Tudo meio sujinho, bem industrial, bem moderninho...
Logo na entrada, vários sofás, de todas as cores e tamanhos (muitos retirados do lixo), um pequeno palco com uma bateria e outros instrumentos, um espaço enorme com poucos móveis. Ao longo do galpão, paredes levantadas com portas - os quartos.

A festa? Bem, normal... risadas, bebida, comidinhas... dança.
Ah, e o telhado! No meio do galpão, uma escada velha (escada de limpeza mesmo) que nos levava até o telhado para admirar a vista... de outros galpões cheio de estudantes modernos, artistas e coisa e tal...


Depois da festa, outra festa... Essa só é explicável se você viu "Shortbus", o filme....
Aqueles espaços realmente existem. Um lugar onde você pode ser você mesmo, sem máscaras. Apesar de quase todos estarem com alguma máscara, maquiagem, algo... Tiremos as máscaras capitalistas e usemos as máscaras da fantasia... Anyway, festa estranha com gente esquisita, eu não tava legal, acho que já envelheci demais...Pelo menos, gritarei "Meninos, eu vi"!

Fomos embora da festa. E agora? No meio do Brooklyn, no meio do nada, sem direção, sem táxi! Isso também é verdade. Em Nova York, quando você precisa de um táxi, ele não aparece...
Depois de 30 minutos andando, depois de uma queda no chão, com a costela doendo, meu amigo com o nariz sangrando... Achamos um trem. Linha G! Merda! Do Brooklyn para o Queens, precisávamos de algo para Manhattan.
Continuamos andando, mais uns 30 minutos e achamos uma linha, a J.... Chegamos em Manhattan e finalmente um táxi!
Cheguei em casa às 8 da manhã. Definitivamente,  não tenho mais idade para isso, principalmente com dor na costela.

Estou em casa... Cansado, preciso estudar...


P.S. Havia um gato gigante, ou um tigre de bengala disfarçado como diziam meus amigos na festa. Todos meio alérgicos...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Nova-yorquinos não pedem desculpas

Excuse me ou I am sorry?

Então...quando você esbarra em alguém na rua, quando sua mochila bate em alguém no metrô ou quando você pisa no pé de alguém no ônibus.... o que você diz? Desculpe, não?
Não... aqui, não... Não diga sorry, diga excuse me.
Não peça desculpas por pisar em alguém. Mesmo que de maneira educada, diga: "Nossa, estamos oocupando o mesmo espaço e aparentemente temos que resolver isso, quem vai sair primeiro, eu ou você?".

Na verdade, retire o "Nossa", essa concepção católica não cade aqui também, apenas diga "excuse me".

Mas preste atenção a sua entonação... Não coloque aquela atitude bem particular em muitas outras situações aqui também. Um ar indignado, como se você estivesse invadindo o território alheio. São dois usos diferentes da mesma expressão.
Se você furar uma fila, cobrir a visão de alguém em um show.... Um bom nova-iorquino vai dizer em alto em bom som, "excuse me", com uma entonação indignada, quase brava, mas sem nunca perder a característica classe nova-iorquina.  Nos casos que escrevi no começo do post, a entonação é educada, mas ainda não é um pedido de desculpa!

Bottom line is: Desculpa não se pede aqui.

Excuse me, but I have to go (a entonação fica com você).

segunda-feira, 3 de maio de 2010

São Paulo

What do you do when you see a cab with an add written "São Paulo overnight"?
Take it as sign that you must go back home?
Call AA and book a ticket?
Call home to matar as saudades?
Or just keep walking and go to the lirary to finish your paper?

Keep reading... Summer is coming soon...